Animation Showreel
I also enjoy writing, though i only write in portuguese for now. Here is a snippet of some of my work:9 de Janeiro de 41 A.O.
“MOVE-TE PRAGA. E é bom que desta vez não levantes um dedo contra o comprador, ou vais
de volta para a reabilitação com um chicote.”
“Sabe quantas vezes ouvi esse discursinho patético? Ugh, vamos terminar com IS—UGH…”
“QUEM MANDOU FALAR, ESTERCO? MOVE-TE!”
O som de metal e algemas enche o ar da masmorra cheia de bolor fria e úmida, repleta de pessoas
de passados variados presas em jaulas como animais prestes a serem levados a uma vida de escravidão.
Alguns desnutridos, outros fortes mas velhos, e, em raros casos, mães com filhos a chorar no colo
enquanto dizem "Shh, shh, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem…”.
Um cheiro desagradável de suor e sangue é emitido pela pele do orc, cujas costas foram
marteladas pela guarda, algo comum de acontecer neste recinto. A dor do impacto força-o a colocar-se
de joelhos, segurando a parede da escada de pedra onde se encontra.
Esta figura é alta e esverdeada, com orelhas pontudas cobertas por cabelos da cor de planta seca
soltos e desarrumados, um focinho de javali-voador e presas saindo para fora, como se tomassem a
forma de um bigode ainda não cortado. A única vestimenta do sujeito são um colar de dentes de animal
e trapos velhos e acastanhados que mal escondem as pernas dele, deixando ao léu uma estatura
musculosa, cheia de arranhões, manchas negras derivadas de socos e chicotadas vermelhas de irritação...
marcas que datam até dez… Talvez mais anos.
A figura levanta-se do chão, criando uma penumbra no solo da masmorra, derivada da luz que
vem da superfície, para onde ele irá subir. Com um ódio mascarado por uma expressão de neutralidade,
ele expira o ar quente dos seus pulmões, dizendo com uma voz grave e rouca.
“... Perdão, minha senhora.”
“...hmph.”
Com o som da armadura a esfregar-se ao mover, a mulher humana caminha em frente, passando
pelo orc. Ela pára no primeiro degrau, segurando na coleira de corda que entrelaça no pescoço do servo
e olhando nos olhos dele enquanto que suavemente puxa a trela.
“Caminha então.”
Sem escolha, o mostrengo segue atrás dela, levantando o peso do seu corpo a cada degrau,
tentando não escorregar com a água que escorre pelos degraus húmidos e pelos seus pés descalços.
Uma espiral compõe a estrutura da escada, conectando os níveis a um único fino pilar no centro
da construção que, para alguém tão alto e largo quanto o escravo acorrentado, mais parece uma câmera
claustrofóbica de terror que sobe do escuro breu do subterrâneo.
“Quem é, desta vez?”
“Ugh, ainda tens energia para falar? Não te mandei calar a boca? Mas já que perguntas, e como
mais ninguém está à nossa volta, responderei a essa questão impertinente. Faremos um leilão com seis
de vocês, mas tu irás ser colocado logo em posição para esta noite. Tu conseguiste a proeza de infligir
medo em todos os guardas menos eu.”
“Têm medo, é? Tsc. Covardes.”
“Nisso eu concordo. Nós somos treinados para ser elite. Mesmo que sejamos enviados para aqui,
o fundo do poço, para limpar esterco de animais como vocês, ainda temos de demonstrar honra perante
o nosso treinamento. Parece que apenas eu trabalho nesta espelunca.”
“... Diz-me, Serena–
“Não me chames pelo meu nome, Azeck. Fazes-me vomitar."
“Sigh… Sensível. Ahem, «Capitã»... Porquê um leilão logo no início do ano? Ainda está tudo em
festividades, ou estás a dizer que aquele palhaço está desesperado agora?”
A meio da escada, Serena pára e levanta o seu martelo com a mão esquerda enquanto que a direita
mantém o pulso firme e forte, segurando o fio de fibras, com apenas o som das gotas escorrendo no
fundo e o da sua voz exclamando.
“PESTE, ESTÁS A FALAR DO REI, MAIS RESPEITO! OU QUERES QUE EU ACABE COM
A TUA RAÇA AQUI E AGORA?”
“...Heh. Não achas que me matar aqui sõ iria causar prejuíz– AGH.”
A força do metal sólido e frio causa uma ferida internano ombro de Azeck, parando,
momentaneamente, o som constante de água.
“Não te superestimes. Qualquer um de vocês serve, até mesmo aquelas tuas amigas e os seus
filhos lá embaixo. Existem bastantes nobres com desejos carnais exóticos. Se não quiseres que eles
entrem no cardápio de hoje, é bom que aprendas respeito.”
“...”
“Que bom que nos entendemos. Eu também odiaria perder a nossa melhor arma contra
Cranvitana.”
Voltando as costas contra Azeck, a figura continua a subir, e ele segue-a, devido à falta de escolha.
“Ainda está a decorrer a guerra? Eu estou aqui preso há pelo menos cinco anos. Não acredito que
ainda continua… ”
“Não existe nenhum Marechal ou General capaz de guiar a guerra para eles. Todos vindos de lá
têm estranhas feitiçarias capazes de nos destruir com um único golpe. E para além disso, a oeste uma
nova facção foi criada, o que, de certa forma, nos poderia ajudar… Isto é, se não fossem igualmente
hostis perante nós… Busoshi é o nome deles. Precisamos de força bruta que em poucos existe. E tu? Tu
és das poucas coisas que aguentam um ataque de magia graças a essa tua pele.”
“... É, eu sei a força deles bem melhor que ninguém…”
“Tu vais ser enviado para um campo de treino. Se tudo der certo, desta vez nem serás capaz de
magoar o comprador para voltares aqui. Estará na multidão o representante da família Bourbon, tu vais
lhes ser vendido. Está tudo arranjado, apenas eles irão levantar a mão.”
“Hm.”
Ao chegar à primeira entrada da torre, as duas figuras passam pelo arco de pedra rústica, dando
de caras com um espaço aberto repleto de caixas. Algumas podres, outras luxuriosas, certas medianas.
Todas elas para serem vendidas para os mais variados clientes. Carne para os ricos, sementes e peixe
podre para os pobres. Esta é a mais clara divisão entre os cidadãos de Phonic…
Caminhando por entre caixas de frutas, as duas figuras avistam, enfim, uma jaula com quatro
rodas metálicas.
Aproximando-se da prisão andante, o esverdeado sente a corda a ser largada, e, quando ele se vira
para para a guarda, ela olha para ele de volta. Os dois sabem o que se irá suceder agora. Azeck terá de
sobreviver o resto do dia sem comer e esperar o espetáculo começar. Nada que ele não tenha feito antes,
com piores condições, mas ainda assim ninguém gostaria de participar deste cruel tratamento.
Serena então liberta o orc das algemas e do colar dele, revelando marcas roxas nos seus pulsos e
pescoço, refletivas da quantidade de vezes que ele já foi segurado desse mesmo modo.
“...”
Subindo para a jaula, ele senta-se no centro da mesma, cruzando as pernas, colocando ambas as
mãos na coxa respectiva e fechando os seus olhos. A sua face e corpo virados diretamente para a frente
da parede da cela onde ele sabe que irá receber a plateia depois de umas horas.
Ouve-se então a porta da gaiola enorme a ser fechada e trancada, juntamente com os passos
pesados da mulher que o acompanhou a afastar-se cada vez mais. Tudo está a decorrer como sempre
ocorreu antes, como ocorreu várias e várias vezes na sua vida.
“É engraçado”, pensou Azeck, “mesmo comigo aqui, ainda não consigo me livrar deles. Tsc…
Sinto-me de novo como se fosse aquela criança. Patético… Preso num local frio… Tudo o que posso
fazer agora é esconder-me e proteger aqueles que conheço… Mas podia estar a fazer tanto mais.”
Um silêncio tanto no armazém quanto na mente dele se manifesta. É possível escutar alguém a
mover uma placa de metal e, à medida que o som continua, as luzes dos aparatos mágicos são apagadas
do mesmo modo. O local está escuro, provavelmente para preservar o que lá está dentro, evitando o
calor.
Na escuridão apenas se ouvem as gotas de água nas escadas atrás, que escorrem do rio atrás da
parede até chegar às catacumbas onde Azeck estava preso. Está frio, mas não tanto quando lá embaixo.
Doenças não são encontradas aqui, e comida está por toda a parte. “Desigualdade”, é a palavra que chega
à cabeça do homem sentado, algo que neste país é comum. Ele já saberia disso até mesmo antes de
chegar a este ponto. Um pensamento passa pela mente dele. Um único pensamento– Não, talvez uma
memória de tempos passados– algo que o assombra desde que entrou aqui pela primeira vez.
“Se eu não tivesse corrido… teria morrido? Ou salvo aquela gente…? Eu estou tão cansado…
Não me lembro nem quantos anos tenho… O tempo passa a voar, ainda me lembro como se fosse ontem
de esperar o dia em que iria ser ensinado a usar magia… Sigh… Vocês saberiam o que fazer… Pelo
menos, acho que sim. Estariam orgulhosos de quem me tornei?”

I, Miguel Martins Matias, Ualg’s (Universidade do Algarve) student of 21 years of age, also
known as Storm by my peers, was born in 12th February of 2004.I studied in various schools of
multiple cities throughout my life until I eventually got into Beja’s High School Diogo de
Gouveia on the Art course, where i developed an interest on 3D animation and creative writing
during my free time.
In 2022 I enrolled on the Animated Image’s Bachelor degree, where I
deepened my knowladge and discovered my affinity towards 2D animation, script writing and
post production.Nowadays I look to expand my horizons with job experience and continue to
write stories and play TTRPG as a hobbie, something that helped my creative process a lot.
Due to those hobbies, i've also started to create a brand new TTRPG system that uses my personal book universe as a basis for medieval type adventures.